ANA LUISA AMARAL IN MEMORIAM.
«Vou partir de avião
e o medo das alturas misturado comigo
faz-me tomar calmantes
Se eu morrer
quero que a minha filha não se esqueça de mim
que alguém lhe cante mesmo com voz desafinada
e que lhe ofereçam fantasia
mais que um horário certo
ou uma cama bem feita
Dêem-lhe amor e ver
dentro das coisas
sonhar com sóis azuis e céus brilhantes
em vez de lhe ensinarem contas de somar
e a descascar batatas
Preparem a minha filha
para a vida
se eu morrer de avião
e ficar despegada do meu corpo
e for átomo livre lá no céu
Que se lembre de mim
a minha filha
e mais tarde que diga à sua filha
que eu voei lá no céu
e fui contentamento deslumbrado
ao ver na sua casa as contas de somar erradas
e as batatas no saco esquecidas
e íntegras»
Ana Luisa Amaral, "Minha senhora de quê",1990.
5 comentarios
MARIANO IBEAS -
Aurea Samper Martin -
recuerden que pase por estos caminos polvorientos como brisa como viento
Aurea Samper Martin -
no, cual su perfume ingobernable libre
vocei la no ceu
Anónimo -
sabiendo tanto
.................
Anónimo -
chore